6 de dezembro de 2008

Lynchburg Lemonade

Graças à minha santa mãezinha, que me trouxe uma garrafa de Jack Daniel's do free shop, pude experimentar em casa esse maravilhoso drink, que se tornou um dos meus favoritos de todos os tempos!

Lynchburg Lemonade
  • 1 parte de Jack Daniel's
  • 1 parte de Cointreau
  • 1 parte de Sweet and Sour Mix (açúcar com suco de limão)
  • 3 partes de Sprite
Não precisa bater, é só misturar tudo menos a Sprite em um copo grande com gelo e completar com a Sprite. Mexer delicadamente para não perder o gás. Perfeito para dias quentes e para animar festinhas de embalo.

Divirtam-se!

23 de novembro de 2008

Sorvete de Margarita da Nigella



"Até fazer isso, eu não imaginava que uma Margarita pudesse ficar ainda melhor. Agora eu sei que pode."
  • 150g de Açúcar
  • 125ml de Suco de Limão
  • 2 colheres de sopa de Tequila
  • 3 colheres de sopa da Cointreau (triple sec, licor de laranja, etc)
  • 500ml de Creme de Leite fresco
Misturar tudo até dissolver bem e congelar. Pode tentar usar a batedeira, máquina de sorvete, etc.

Divirtam-se!

19 de novembro de 2008

Boas surpresas na padaria da esquina!

Quando criei esse blog, planejava falar exclusivamente de destilados e cocktails. No entanto, isso não nos proíbe de falar de bebidas fermentadas! Especialmente as cervejas, que eu finalmente voltei a beber depois de perceber que o não era o lúpulo ou a cevada que estavam destruíndo meu estômago, mas sim as porcarias que os fabricantes de cervejas produzidas em larga escala como Skol, Kaiser e Heineken costumam colocar em suas misturas. Aos poucos fui re-descobrindo o cervejeiro que existe dentro de mim, bebendo cervejas importadas de boa qualidade e artesanais produzidas aqui mesmo na minha cidade.

Aproveito esse post para divulgar aqui dois blogs brasileiros interessantes sobre cerveja: o Beer Architecture e a Confraria Feminina de Cerveja.

Pretendo me aprofundar no assunto posteriormente, mas por enquanto vou apenas fazer uma resenha de uma cerveja que tive o prazer de conhecer, acidentalmente, na padaria aqui do lado da minha casa. Explico: existe em Belo Horizonte uma lendária vaquinha de concreto no meio da rua, na rua Leopoldina, quase esquina com Contorno. Em frente a essa vaca fica uma padaria alemã que tem comidas deliciosas, e que serve também cervejas de péssima, média e boa qualidade. Entre elas, uma cervejinha alemã que virou o principal motivo porque eu gosto de morar nesse bairro.

O nome dela é Oettinger e está disponível na tal padaria em três versões: Pils, Wheat e Super Forte. O nome "super forte" me fez pensar que a cerveja estaria sendo embalada no Brasil, mas é apenas um nome engraçado mesmo. Vai entender esses alemães!

Enquanto cometo essas maltraçadas, degusto uma latona da Oettinger Pils. Ela tem um gostinho de pão no começo, e agora no meio do copo está com um sabor forte e amargo, mas sem azedume. É forte e pesada, mas sem exageros. Apenas não é uma cerveja para beber aos litros.

Provei também a Super Forte e a danada é forte mesmo, tem quase 10% de álcool. Fui à padaria comprar pão e bolinhos e voltei andando torto pela rua. E é uma delícia. Recomendo.

Enfim, a Oettinger é uma boa opção de cerveja alemã. O preço é meio azedo: aqui na padaria ela está custando R$ 11,00 a lata. Mas é aquelas latas compridas, deve ter uns 500ml mais ou menos. É cara, mas uma única latinha já me satisfaz.

Provada e aprovada!

Hic!

2 de novembro de 2008

Biscoitos de Goró


Biscoito de Cerveja

Ingredientes
  • 500 gramas de Farinha de Trigo
  • 250 gramas de Manteiga
  • 1/2 copo de Cerveja
  • 3/4 xícara de chá de Açúcar Cristal
Misture tudo muito bem até obter uma massa lisa e homogênea.

Pegue porções da massa, faça rolinhos e depois corte em pedaços de 2,5cm de comprimento. Amasse como pequenos nhoques.

Polvilhe com o açúcar e coloque em assadeira antiaderente. Asse em forno pré-aquecido a 180ºC por 20 minutos. Retire e deixe esfriar.



Rosquinha de pinga
Ingredientes
  • 1 copo americano de Pinga
  • 1 copo americano de Açúcar
  • 1/4 copo americano de Banha ou 500 g de margarina
  • Farinha de trigo até dar o ponto
Misture todos os ingredientes e coloque farinha até dar o ponto de enrolar com as mãos.

Faça a rosquinha e coloque na forma e leve para assar em forno pré-aquécido a 180º C.

Tirar a rosquinha quando tiver dourado e passar ainda quente na pinga e depois no açúcar (para grudar).

30 de outubro de 2008

Nightripping: "Hurricane - A história (e a receita) do drink"


por Alexandre Nix

História

New Orleans, anos 40, tempos de guerra. Não qualquer guerra, mas a Segunda Grande Guerra... os estoques de whiskey estavam em baixa e B. H. O'Brien teria de solucionar esse problema de alguma forma. Não era a primeira vez que esse tipo de coisa acontecia e ele havia sobrevivido a uma crise pior há dez anos: A Lei Seca.

Em 1930 "Pat" O'Brian precisou "remodelar" seu negócio e transformou o Pat O'Brien's Bar em uma das várias casas de consumo ilegal de álcool. Rebatizou o estabelecimento como "Mr. O'Brien's Club Tipperary" e manteve sua clientela seleta, abrindo as portas apenas para quem soubesse a senha do momento. Pessoas trêmulas dizendo coisas como "Storm's Brewin" para as portas começaram a se tornar lugar comum no French Quarter.

Quando a Lei Seca terminou em 1933, O'Brien abriu oficialmente as portas e pôde deixar de dormir no chão da casa de amigos de uma vez por todas. Em 1942 mudou o local do seu bar para o número 718 da St. Peter Street. Sob o lema "Have Fun!" escrito por todo lugar, ele estabeleceu "o local" onde as pessoas deveriam estar.

Agora era a guerra atrapalhando seus negócios e os dizeres estampado nos guardanapos e aventais dos bartenders começava a se transformar em uma piada de mau gosto. Ele iria solucionar essa crise. Ele sobrevivera à Lei Seca e aquilo foi pior do que a guerra.

Na verdade o problema não era a falta de whiskey, mas o excesso de rum. Os malditos distribuidores forçavam a compra de caixas de rum para cada caixa de outro destilado encomendada. Agora Pat precisava resolver a questão do estoque absurdo de rum e manter seu lucro. Alguns marinheiros foram as primeiras cobaias de seu pequeno experimento que se tornaria uma das marcas registradas da cidade e faria conhecido seu bar por todo o país.


Receita

O Hurricane possui dezenas de variações, mas três coisas são certas:
  1. Rum;
  2. Não é o mesmo Hurricane conhecido nas Bahamas;
  3. É MUITO doce.

As variações todas se baseiam na receita original criada no Pat O'Brien's Bar, que acredito ser assim:

  • 2/3 de shot de Rum Claro
  • 2/3 de shot de Rum Escuro
  • 1/2 de shot de Suco de Laranja
  • 1/2 de shot de Suco de Limão
  • 240 ml (1 xícara) de Suco de Maracujá
  • 1 colher de chá de Açúcar
  • 1 colher de chá de Grenadine
  • Gelo picado.
Decoração: cerejas, rodelas de laranja

Modo de preparo: Em uma coqueteleira, misture o rum, os sucos e o açúcar até esse ficar diluído. Adicione o grenadine, e mexa o conteúdo até que ele fique homogêneo. Adicione gelo e misture. Preencha até a metade de um copo tipo "lâmpada" (ou "Hurricane") com gelo, adicione a mistura e mais gelo até o topo.


Tabela de conversão de medidas

  • O copo tipo "Hurricane" tem capacidade para cerca de 443ml.
  • Shot = copo de dose = 2oz. = 60ml.
  • 2/3 de shot = dois terços de um copo de dose = 1.5oz = uns 40ml (na real mesmo 44)
  • 1/2 de shot = meio copo de dose = 1oz. = 30ml.


Sugestão

Beba ouvindo Professor Longhair:

21 de outubro de 2008

Bombay Sapphire

15 de outubro de 2008

Drinks com Tequila

Margarita
  • 7 partes de Tequila
  • 4 partes de Cointreau (Triple Sec)
  • 3 partes de Suco de Limão
Pegue dois pratos rasos. Esprema um limão em um deles e coloque um pouco de sal no outro. Molhe a borda da taça no suco do limão e coloque-a no prato com sal. Isso vai deixar uma borda de sal em volta da taça. Bata os ingredientes em uma coqueteleira com gelo e sirva no copo, com cuidado para não molhar a borda de sal. Decore com um lemon twist. Decoração opcional: um pouquinho de Blue Curaçao deixa a Margarita azul parecendo água do mar.

Frozen Margarita
Repita a receita da Margarita, mas dessa vez batendo os ingredientes no liquidificador com bastante gelo até formar uma espécie de sorvete.

Tequila Sunrise
  • 3 partes de Tequila
  • 6 partes de Suco de Laranja
  • 1 parte de Grenadine
Em um copo alto com gelo, coloque o suco e a tequila. Jogue o grenadine no final. Ele vai cair até o fundo do copo e começar a fazer um degradée de vermelho para amarelo - daí o "nascer do sol" no nome do drink. Não misture o drink, ou o efeito vai desaparecer.

Long Island Ice Tea
Veja a receita no artigo Drinks com Vodka.

Tequila Sour
  • 60 ml de Tequila
  • Suco de 1 Limão
  • 1 colhes de chá de Açúcar Cristal
Bater tudo na coqueteleira com gelo e servir on the rocks em um copo baixo como se fosse um whisky sour. Decorar com uma fatia de limão e uma cereja.

Matador
  • 1 parte de Tequila
  • 2 partes de Suco de Abacaxi
  • Suco de meio limão
Misture os ingredientes em uma coqueteleira com gelo. Sirva sem o gelo em um copo gelado - em uma taça de martini ou uma flute de champagne. Experimente também trocar o suco de limão por sweet and sour mix.

Chimayó Cocktail
  • 1.5 partes de Tequila
  • 1 parte de Cidra de Maçã
  • 1/4 de parte de Suco de Limão
  • 1/4 de Crème de Cassis
Sirva a tequila e a cidra em um copo alto com gelo. Adicione o suco de limão e o creme de cassis. Decore com uma fatia de maçã com casca.

Bloody Aztec (Asteca Sanguinolento)
  • 1 parte de Tequila
  • 1 parte de Creme de Leite
  • 1 parte de Creme de Cacau
  • Colorau
Esse drink é um "trio", ou seja, usa-se uma parte de cada um dos 3 ingredientes principais e mistura-se tudo. O colorau é apenas para dar uma cor vermelha na bebida.

Chupacabra
Um shot de tequila com gotinhas de Tabasco.

Pã nã nã nã nã - pã pã! Tequila!

Entre os vulcões misteriosos do estado mexicano de Jalisco, a 65 quilômetros de Guadalajara, fica um pequeno município chamado "Tequila". Escondidos nos recônditos de los altos, os cidadãos dessa pequena cidade conseguiram colocá-la no mapa do imaginário popular de todo o mundo graças a uma bebida destilada inventada por eles, e que foi batizada com o nome de sua cidade.

Ali cresce uma planta chamada Agave tequilana - conhecida também como Agave Azul ou simplesmente Agave. Essa planta feiosa e cheia de folhas pontudas pertence à divisão Magnoliophyta e tem um ciclo de vida muito comprido. Somente quando ela tem 12 anos de idade é que seu miolo é extraído para a produção da famosa bebida.

Esse miolo, que parece um abacaxi gigante e pesa entre 35 e 90 kg, é cozido, e a seiva que sai de suas células é então fermentada e destilada. Além da tequila, outras bebidas locais são feitas com o agave usando processos semelhantes, como o mezcal e o pulque, que são consideradas bebidas mais tradicionais do que a tequila, embora nunca tenham atingido a mesma popularidade fora do México.

Atualmente existem no México mais de 200 milhões de pés de agave azul, mas a demanda das fábricas de tequila não está conseguindo ser suprida. Ao longo das décadas, a reprodução das plantas de agave foi feita de maneira artificial para acelerar a produção, e o resultado disso foi a diminuição da variedade genética das plantas, que ficaram mais fracas e hoje estão sujeitas a vários tipos de doenças e fraqueza, o que já deixa 30% das plantações imprópria para consumo.

Na última década, a produção de agave no México caiu bastante, devido a esse conjunto de doenças e problemas genéticos, que ficaram conhecidos coletivamente pela sigla TMA - Tristeza y Muerte de Agave. Essa crise deve demorar anos para ser contornada, o que já está levando o preço da tequila a subir no mundo todo.

Segundo os registros históricos, os astecas mexicanos já produziam uma bebida alcoólica feita de agave por volta do ano 200 da era cristã. Por isso o octli, conhecido hoje em dia como pulque, pode ser considerada a bebida alcoólica mais antiga da América do Norte.

A tequila começou a ser produzida no século XVI perto da cidade de Tequila, que só foi estabelecida em 1656. Os conquistadores espanhóis, quando ficaram sem suas próprias bebidas, começaram a destilar o pulque dos astecas, dando assim origem a algo bem parecido à tequila que conhecemos hoje.

Por volta do ano de 1600, Don Pedro Sánchez de Tagle, Marquês de Altamira, começou a produzir tequila em massa, criando a primeira fábrica de tequila de Jalisco. Em 1608, o governador da colônia de Nueva Galicia começou a cobrar impostos sobre ela.

A tequila "moderna" que bebemos hoje começou a ser produzida em Guadalajara no início do século XIX. Don Cenobio Sauza, fundador da Tequila Sauza e Presidente Municipal do Vilarejo de Tequila de 1884 a 1885, foi o primeiro empresário a exportar tequila mexicana para os Estados Unidos.

A tequila se divide inicialmente em dois tipos mais básicos: 100% Agave e Mixto. Os nomes já dizem tudo: a tequila mista usa outras fontes de açúcar além do agave, tornando sua digestão mais difícil. O açúcar do agave é feito de frutose, enquanto que os outros usados na tequila mista são de glucose.

Além dessa divisão, existem cinco categorias de tequila. Assim como em outras bebidas, a tequila transparente é mais "selvagem", enquanto que a amarelada é mais suave e encorpada, por ter sido envelhecida. As cinco categorias são:
  • Plata ou Blanca – Tequila transparente, não envelhecida, engarrafada logo após a destilação, ou então envelhecida por menos de dois meses em tonel de carvalho.
  • Oro – Tequila "blanca" misturada com tequilas "descansadas" ou envelhecidas, corante caramelo, xarope de açúcar, glicerina e/ou extrato de carvalho adicionado para dar um gosto de tequila envelhecida.
  • Reposada – Envelhecida por no mínimo dois meses e menos de um ano em tonéis de carvalho.
  • Añeja – Envelhecida por no mínimo um ano mas menos de 3 anos em tonel de carvalho.
  • Extra-Añeja – Envelhecida por no mínimo 3 anos em tonel de carvalho.
As marcas mais fáceis de serem encontradas no Brasil são a José Cuervo e a Sauza. Mas já existem outras marcas aparecendo no mercado nacional - no site da Imigrantes você encontra marcas como Sombrero Negro, El Charro, Caminho Real, Reserva 1800 e um tal de "aperitivo de agave" Serra Real que é bastante suspeito.

É difícil dizer qual marca é melhor do que qual, mas a regra geral é que as tequilas reposadas e añejo são mais saborosas e descem mais macio do que as oro, blanco ou plata. Normalmente eu compro a Sauza Hacienda mesmo, ou então a José Cuervo amarelinha. Mas se eu tiver que escolher entre uma das duas, eu fico com a Sauza Hacienda mesmo.

Existem muitas lendas sobre a tequila, envolvendo a forma "certa" de beber e aquela famosa larva que mora na garrafa.

Uma dessas lendas diz que a tequila deve ser bebida com sal e limão. A pessoa coloca um pouco de sal na mão, lambe, bebe um shot de tequila, e depois chupa uma fatia de limão. É um ritual muito divertido, mas não tem nenhuma tradição nisso. No México ninguém bebe tequila assim, e o sal e o limão só servem para encobrir o gosto ruim deixado por uma tequila de má qualidade.

Apesar disso, é um ótimo ritual para ser feito em grupo, e deixa qualquer festinha mais animada. Na Alemanha, algumas pessoas fazem isso quando bebem tequila plata, e quando bebem a oro usam canela no lugar do sal e laranja ao invés de limão.

Uma forma popular de beber tequila é o body shot. Ao invés de colocar o sal na sua própria mão, o sal a tequila e o limão são colocados em corpos alheios. Por exemplo, você pode colocar o sal na barriga de uma garota, encher o umbigo dela de tequila... bem, use a sua criatividade. Mas lembre-se: não foram os astecas quem inventaram esse ritual.

De qualquer forma, beber tequila de boa qualidade com sal e limão é vacilo. O sal e o limão só vão atrapalhar a sua degustação. Quando você quiser entornar uma garrafa de José Cuervo com os amigos da faculdade, capriche no cosplay e divirta-se. Mas quando aquele seu tio que trabalha na Petrobrás trouxer uma garrafa de tequila mexicana "profissional", não usurpe o sabor da pobrecita. Beba-a pura e sem afetação.

Segundo consta nos anais (epa!) do Drink Drinker, lá nos bares de Jalisco a tequila é bebida pura, em copos de shot, acompanhada de uma bebida chama Sangrita. Os dois copos são servidos lado-a-lado e as bebidas consumidas alternadamente.
Sangrita
  • 8 partes de Suco de Tomate
  • 1 parte de Suco de Laranja
  • 1 parte de Suco de Grapefruit
  • 1 parte de Suco de Limão
  • Gotas de Tabasco (molho de pimenta)
É só misturar tudo e servir gelado.

Outra lenda maluca envolvendo a tequila é o tal do gusano, um vermezinho gordo e fanfarrão que, segundo a lenda, é servido dentro do copo de tequila, e deve ser engolido juntamente com a bebida. Pode ser uma boa maneira de provar que você é corajoso, mas certamente não era nada disso que os fabricantes de tequila tinham em mente quando decidiram transformar o suco cozido do agave em um destilado de alta qualidade.

A bebida mexicana que costuma trazer essa larva na garrafa não é a tequila, mas sim o mezcal. Nos anos 1940, Jacobo Lozano Páez, engarrafador do mezcal Matatlán, começou a colocar as larvinhas nas garrafas para diferenciar seu produto no mercado de mazcal. O truque deu tão certo que até hoje as pessoas acham que tequila boa mesmo vem com uma larva dentro. Eu não sei de onde as pessoas tiraram a idéia maluca de que um feto de inseto morto pode deixar uma bebida melhor. Não quero nem imaginar que tipo de bebida essas pessoas andam consumindo!

Se você fizer muita questão de colocar uma larva morta na sua bebida, procure pelas espécies Hypopta agavis e Scyphophorus acupunctatus - conhecidas vulgarmente no México como chinicuil e picudo del agave respectivamente.

A lenda dos vermes também diz que eles te deixam mais bêbado, causam alucinações, e são afrodisíacos. Obviamente não existe nenhuma prova disso.

A tequila pode ser bebida em vários tipos de copo, mas em 2002 o Consejo Regulador del Tequila definiu um copo especial para a bebida, semelhante a uma flute de champagne só que um pouco menor. A idéia é dar à tequila um ar mais sóbrio e refinado - para poder aumentar o preço da bebida.

Normalmente em bares ela é servida em copos de shot ou até mesmo de Old-fashioned. A Margarita, o drink mais popular feito com tequila, é servido em uma taça específica que leva seu nome.
Para mais informações sobre tequila, assista à novela mexicana "Destilando Amor", um remake de "Café com Aroma de Mulher" que se passa nos campos de agave e nas destilarias de tequila de Jalisco.

10 de outubro de 2008

Margarita!

Em homenagem à festinha mexicana que eu dei ontem, hoje vamos falar sobre a Margarita.

Antes de mais nada, gostaria de deixar uma coisa bem clara: o nome dessa bebida é MARGARITA. É, tipo aquela flor, Margarida, a namorada do Pato Donald, lembram? Pois é. Não é MARGUERITA!!! "Margheritta" é aquela pizza de mussarela com tomate e manjericão.

Margheritta é uma comida.
Margarita é uma bebida.

Margheritta é feita de queijo.
Margarita é feita de tequila.

É bem diferente, não acham?

Margarita
  • 7 partes de Tequila
  • 4 partes de Cointreau
  • 3 partes de Suco de Limão
A proporção 7:4:3 é a oficial da IBA, mas você pode experimentar outras porporções diferentes, como 2:1:1 ou 3:2:1 dependendo da preferência do seu paladar.

O preparo do drink é fácil, basta sacudir todos os ingredientes em uma coqueteleira com bastante gelo e servir. No copo, tem um charminho que faz parte da receita que é o seguinte: esprema um limão em um prato raso, e encha outro prato com sal. Vire a taça de cabeça para baixo, molhe a borda no limão e depois coloque no sal. Quando a borda estiver coberta com uma camada de sal, sirva o drink no copo, com cuidado para não deixar pingar o líquido na borda de sal. Decore com uma rodelinha de limão enfiada na borda do copo. Se o seu "cliente" não gostar do sal, ele pode usar um canudinho para bypassar o enfeite.

Para servir a Margarita, existe uma taça específica, mas você também pode usar outras taças, como a de Martini, o goblet, ou qualquer outro copo. Consulte seu fornecedor de vidros!

Além desse preparo, você também pode optar por servir a Margarita "on the rocks", ou então bater todos os ingredientes junto com cubos de gelo em um liquidificador até ficar "frozen". É uma mistura muito refrescante... e perigosa! Você também pode adicionar frutas na mistura do "frozen", como limão, abacaxi, etc.

Por hoje é só. Adios, amigos!

E nunca se esqueça: quem ergue taças é um vencedor!

3 de outubro de 2008

Laboratório Drink Drinker de Qualidade: Uísque!

O uísque, seja ele nacional ou importado, não é exatamente uma especialidade da equipe Drink Drinker. No entanto, sempre em busca da mais apurada verdade quando o assunto é bebidas alcoólicas, nossos destemidos cientistas e investigadores resolveram experimentar algumas marcas de uísque encontradas no mercado brasileiro. Aqui estão os resultados dos testes.

Por incrível que pareça, é muito difícil encontrar uísque vagabundo no mercado. Como o pobre coitado tem mesmo uma pecha de bebida de rico, ninguém confia em um uísque barato.

Mas isso não quer dizer que tudo que se encontra por aí seja coisa boa. O litro mais barato disponível no site da Imigrantes Bebidas, o "Clan MacGregor", é mal-falado nas rodas que eu freqüento, apesar de custar R$ 44,00 a garrafa. Mas eu mesmo nunca provei, e estou aberto a experimentações. Se você encontrar outras marcas mais baratas do que isso, é melhor nem arriscar.

A maioria dos uísques que eu já experimentei sem passar mal são aqueles da faixa de preço de uns R$ 60,00 o litro. Um que eu bebo e posso recomendar é o J&B Rare 8 Anos - é o uísque que está nesse exato momento no meu bar pessoal, e que eu uso para fazer drinks ou para beber puro. De vez em quando eu dou umas goladas nele e acho bem honesto. Desce macio e suave, e nunca tive ressaca com ele - ainda!

Outras marcas famosas dessa faixa são o Jameson, o Johnnie Walker Red Label e o White Horse. São todos dignos e honestos, mas eu particularmente só encaro esses três se misturados em um belo copo de Coca-Cola cheio de gelo.

Chegando ali na faixa dos R$ 100,00 a coisa começa a ficar proibitiva. Os uísques de 12 anos são bem mais caros que os de 8, mas são também bem mais saborosos. Posso afirmar categoricamente que, dentro da minha limitadíssima experiência, o Johnnie Walker Black Label é uma das melhores bebidas puras que eu já bebi na vida. Esse desce suave e é muito saboroso. Se você for rico e quiser esbanjar, pode comprar uma garrafa de 1 litro e beber no gargalo, que desce macio e reanima.

Nessa mesma faixa de preço podemos encontrar o nosso ilustre amigo e meu xará Jack Daniel's Tennessee Whisky. Apesar de seu agradável aroma e sabor, eu gosto mesmo é do danado diluído em um copão de Coca-Cola. Os puristas de plantão estão sempre prontos para apontar o dedo e me chamar de pecador, mas o copo é meu e nele eu bebo o que eu quiser.

Já na faixa dos R$ 300,00 começam a aparecer coisas como o Johnnie Walker Gold Label. Esse aí eu nunca vi nem de perto. Se você tiver dinheiro pra comprar um, me chame que eu quero ser seu amigo. Bom, já que você está a fim de gastar, por que não comprar um Johnnie Walker Blue Label logo de uma vez? Custa só R$ 589,99. Ou uma garrafinha de 700ml de Royal Salute, que sai por apenas R$ 659,99.

Ora, por que pensar pequeno? Compre logo uma garrafa de 700 ml de Ballantine's 30 Anos Old por R$ 1.246,99 e vamos celebrar a vida!

Sláinte duine a ol!

2 de outubro de 2008

Drinks com Uísque

Os puristas dizem que uísque só pode ser bebido puro, mas o nome desse blog é Drink Drinker, por isso, aqui vão algumas receitas de drinques com uísque!

Algonquin
  • 60 ml de Rye Whisky
  • 30 ml de Vermute seco
  • 30 ml de Suco de Abacaxi
  • Uma pitada de bitters (Peychaud)
É só bater e servir.

Black Hawk
  • 30 ml de Blended Whiskey
  • 30 ml de Gin
  • 15 ml de Suco de Lima
  • Uma cereja Maraschino
Misture tudo (menos a cereja) em uma coqueteleira com gelo quebrado. Sirva em um copo de cocktail e decore com a cereja.

Bourbon Cocktail
  • 60 ml de Bourbon
  • 15 ml de Curaçao de Laranja
  • 15 ml de Licor Bénédictine
  • 30 ml de Suco de Lima
  • Uma pitada de Bitters (Angostura)
Misturar e servir com uma fatia de laranja como decoração.

Champagne Julep
  • Folhas de Hortelã
  • 1 colher de chá de Xarope de Açúcar
  • 90 ml de Bourbon
  • Champagne Brut (espumante branco seco)
Amasse alguns talos de hortelã com xarope de açúcar em um copo alto, como se fosse fazer um Mojito. Encha 2/3 do copo com gelo, coloque o Bourbon, e mexa rapidamente. Termine de encher o copo com o espumante. Misture levemente e decore com um galho de hortelã.

Irish Coffee
  • 40 ml de Irish Whiskey
  • 80 ml de Café
  • 30 ml de Chantilly
  • Açúcar
Sirva o café em uma xícara, de preferência uma xícara "oficial de irish coffee". Coloque o café e o açúcar, misture bem, coloque o uísque irlandês, e cubra com chantilly.

Irish Fizz
  • 60 ml de Irish Whiskey
  • Suco de 1/2 Lima
  • 1 colher de chá de Curaçao
  • Club Soda
Misture o uísque, o suco e o Curação na coqueteleira e sirva em um copo baixo. Complete com a Soda e decore com uma fatia de lima e uma cereja verde.

Kentucky Coke
  • 30 ml de Bourbon
  • 30 ml de Licor de Cereja
  • Coca-Cola
Coloque o bourbon e o licor em um copo alto com gelo, e complete com Coca-Cola até o alto.

Lynchburg Lemonade
  • 50 ml de Bourbon
  • 25 ml de Cointreau (triple-sec, licor de laranja)
  • Suco de 1 lima
  • 15 ml de Xarope de Açúcar
  • Limonada
Encha a coqueteleira com gelo até a metade, e acrescente o bourbon, o Cointreau, o suco de lima, e o xarope. Misture bem. Coloque alguns cubos de gelo em um copo alto, despeje a mistura, complete com limonada, e sirva com uma fatia de lima.

Manhattan
  • 50 ml de Rye ou Canadian Whisky
  • 20 ml de Vermute Vermelho Doce
  • 1 pitada de Angostura (Bitters)
Misture tudo em um copo grande com gelo quebrado, sem bater na coqueteleira. Tire o gelo e sirva em uma taça de martini gelada. Decore com uma cereja Maraschino. Opção: trocar o Vermute Doce por Seco e fazer um "Manhattan Dry".

Mint Julep
  • 90 ml de Bourbon
  • 1 colher de chá de Xarope de Açúcar
  • 6 folhas de Hortelã fresco
  • Uma pitada de Angostura (bitters)
Coloque o xarope de açúcar e 3 folhas de hortelã em um copo de misturar com o Angostura bitters. Amasse as folhas com um pilão de madeira ou com as costas de uma colher. Acrescente o bourbon e misture levemente. Encha o copo com gelo quebrado e sirva.

Old-fashioned
  • 40 ml de Bourbon, Scotch ou Rye Whisky
  • 1 cubinho de Açúcar (1 colher de chá)
  • 2 pitadas de Angostura Bitter
  • 1 gole de Club Soda (água carbonatada)
Coloque o cubo de açúcar no fundo de um copo Old-fashioned. Dissolva o açúcar com o Angostura e com um pouco de club soda. Misture bem. Encha o copo com gelo e coloque o uísque por cima do gelo. Decore com uma fatia de laranja, um lemon twist e duas cerejas Maraschino.

Essa é a receita oficial da IBA. O Old-fashioned é possivelmente o primeiro cocktail a ter recebido esse nome e ainda figurar como um drink oficial da IBA. Por causa dele, o copo baixo ou "low ball" é chamado de "Old-fashioned glass", ou seja, "copo de Old-fashioned" - uma honra que poucos drinks têm, como por exemplo o Martini ou o Tom Collins.

Rob Roy
  • 45 ml de Scotch Whisky
  • 25 ml de Vermute Vermelho
  • 1 pitada de Angostura Bitter
Coloque tudo no copo da coqueteleira e misture bem, sem bater. Coloque o coador Hawthorn e sirva a mistura, sem gelo, em uma taça de martini pré-gelada.

Rusty Nail
  • 45 ml de Scotch Whisky
  • 25 ml de Drambuie (licor de uísque com mel)
Coloque todos os ingredientes em um copo old-fashioned cheio de gelo. Misture bem e sirva decorado com um lemon twist.

Whiskey Sour
  • 45 ml de Bourbon
  • 30 ml de Suco de Lima fresco
  • 15 ml de Xarope de Goma
  • 1 pitada de Clara de Ovo
Coloque tudo em uma coqueteleira sem gelo. Misture bem. Sirva em um copo old-fashioned com gelo. A mistura precisa ser feita sem o gelo, senão a clara de ovo não cria a textura adequada - semelhante ao preparo do Pisco Sour. Se não quiser a textura da clara de ovo, pode misturar tudo sem ela, com gelo na coqueteleira mesmo, e servir on the rocks. Decorar com meia rodela de laranja e uma cereja Maraschino.
Whisky Collins
  • 50 ml de Blended Scotch Whisky
  • 25 ml de Suco de Lima
  • Xarope de açúcar
  • Club Soda
Bata na coqueteleira o scotch, o suco de lima e o xarope de açúcar. Sirva em um copo alto (Collins) e complete com a Soda. Decore com uma fatia de lima.

Uísque - A água da vida!

Uma das mais famosas bebidas no panteão dos destilados é certamente o uísque, conhecido no Brasil como uísqui, uiscão, o esquisito, bala-12, cavalinho, joão andarilho, preto-e-branco, etc. No entanto, devido à péssima qualidade do uísque nacional, e dos preços proibitivos do uísque importado, essa bebida tem no Brasil muito mais fama do que reconhecimento. Então vamos logo começar a desvendar o mundo misterioso e encantador desse famoso elixir.

Ao contrário do que diz a lenda, o uísque não é originário da Escócia - ele é apenas mais uma das várias bençãos que a Irlanda já deu à humanidade - assim como os Undertones, os Stiff Little Fingers, o James Joyce, o Van Morrison, e aquela gostosinha da Dolores O'Riordan (vocalista dos Cranberries). Quer dizer, na verdade, é impossível precisar quem inventou o uísque, ou aonde, mas o registro histórico escrito mais antigo sobre o uísque de que se tem notícia data de 1405, e foi feito na Irlanda - registro semelhante, na Escócia, só apareceu por volta de 1496.

Destilar bebidas é uma atividade que surgiu no Oriente Médio (esse então tem uma lista de dádivas à humanidade tão grande que nem cabe aqui), por volta dos séculos VIII e IX, e cuja prática se espalhou pela Europa ao longo da Idade Média, graças aos iluminados monges católicos.

A palavra "whisky" vem do gaélico "uisge-beatha", que significa "água da vida". Provavelmente os soldados ingleses que invadiram a Irlanda não conseguiam pronunciar "uisge-beatha" direito, e aí acabou virando "whisky" mesmo. Tem uma frescura aí de que o uísque irlandês se escreve "whiskey" e os outros são só "whisky", mas são detalhes à parte que só interessam aos grandes empresários do ramo.

Então vamos ao que interessa.
O uísque é uma bebida alcoólica, destilada a partir de grãos de cevada, centeio, trigo e até mesmo milho. Esses grãos são usados para criar um álcool, que é então guardado em barris de madeira e deixado quieto para descansar. Ao longo dos anos, esse líquido reage com as paredes de madeira do barril, alterando sua composição química, sua aparência e seu sabor.

Existem muitos tipos diferentes de uísque. A primeira classificação que pode ser usada para diferenciá-los é a de Malt ou Grain. O uísque malt é feito com grãos de cevada maltados, enquanto que o grain é feito com grãos de cevada misturados a outros tipos de grãos.

Esse tal de "malte" de que tanto se fala tanto no mundo do uísque quanto no da cerveja é apenas um processo bastante simples para modificar a composição e o sabor dos grãos. Consiste em deixar os grãos de um cereal germinarem na água, e depois, quando o broto estiver começando a sair, interromper o processo bruscamente com a adição de água quente. O grão semi-germinado é chamado de "maltado" e tem um sabor bastante diferente do grão "cru".

A outra classificação do uísque se refere à maneira como ele é produzido e/ou misturado.
  • Vatted Malt é uma mistura de uísques de malte feitos em várias destilarias diferentes. Quando um uísque vem com "pure malt" ou só "malt" no rótulo, provavelmente é um vatted whisky. Às vezes no rótulo também vem escrito "Blended Malt". Dá na mesma: é uma mistureba de uísques de várias fontes diferentes, mas todos eles exclusivamente feitos com grãos de cevada maltados.
  • Single Malt é um uísque de malte feito em uma única destilaria, mas provavelmente feito da mistura de vários tonéis diferentes - a não ser que ele diga especificamente "single cask" no rótulo, o que significa que o uísque é todo do mesmo tonel. Normalmente o "blended" é feito com uma mistura de vários tonéis e várias idades, o que dá a cada mistura (blend) um sabor único e distinto. Normalmente o nome do uísque é o nome da destilaria que o produziu (Glenlivet, Bushmills, Yoichi), com indicações do tipo de tonel que foi usado e outras características daquela mistura.
  • Pure Pot Still é um tipo de uísque irlandês destilado em um pot-still (um tipo de alambique) feito com uma mistura de grãos maltados e não-maltados de cevada.
  • Blended é um uísque feito com a mistura de uísques maltados e de grão. Normalmente quando alguém fala em "Scotch Whisky" ou "Irish Whiskey", o mais provável é que seja um desses. Normalmente eles são feitos com uísques provenientes de várias destilarias diferentes, permitindo ao produtor colocar seu próprio nome na mistura, ao invés de ter que usar o nome de uma só destilaria (por exemplo: Chivas Regal, Jameson, Johnnie Walker).
  • Cask Strength é o tipo mais raro (e caro) de uísque. Significa que o produtor engarrafou exatamente o que estava dentro de um barril, sem diluir nem misturar com mais nada. O especialista que pega uma garrafa dessas dilui e mistura o uísque ao seu próprio gosto.
Uma das características mais marcantes do uísque é o seu envelhecimento. Todo mundo que conhece um pouquinho de uísque, e mesmo quem não bebe, já ouvi falar em uísque 8 anos, 12 anos, 18 anos, etc. Esses períodos de tempo indicam quanto tempo o uísque passou envelhecendo nos tonéis de madeira. Só porque um uísque passou mais tempo do que outro, não quer dizer que ele seja necessariamente melhor - isso depende da qualidade que o uísque já tinha quando foi colocado no tonel, e do tipo de madeira desse tonel. Ao contrário do vinho, que envelhece na garrafa, o uísque só envelhece no barril - é por isso que a idade do vinho é estampada em seu rótulo na forma do ano em que foi engarrafado, enquanto que o uísque traz apenas o tempo em que ele ficou envelhecendo na madeira. No caso dos uísques blended, que trazem misturas de uísques feitos em vários tonéis ou até mesmo várias destilarias diferentes, a idade que vem no rótulo sempre se refere à do uísque que passou menos tempo envelhecendo - sendo assim, um uísque rotulado como 12 anos pode conter partes de uísques mais envelhecidos do que isso.

Essas características todas são encontradas nos uísques irlandeses e escoceses, considerados os melhores e mais famosos do mundo, mas também se fabricam bons uísques em outros países. Recentemente, os uísques japoneses têm ganhado respeito no mercado internacional, batendo concorrentes escoceses em testes cegos. Existe também o uísque canadense, feito de centeio, que tem um sabor e uma textura que lhe são bem peculiares.

No entanto, é nos Estados Unidos que existem os uísques "nacionais" mais diferenciados. Existem basicamente quatro estilos de uísque estadunidense: Bourbon, Rye, Corn e Tennessee. O Rye Whisky, obviamente, é feito de rye, ou seja, centeio. O Bourbon e o Corn Whisky são ambos feitos de milho - o Bourbon feito com pelo menos 50% de milho, e o Corn com mais de 80% de grãos de milho na mistura.

Mas o mais interessante e característico de todos é o Tennessee Whisky. A princípio ele é produzido como o Bourbon, mas depois de destilado ele é filtrado em pedras de carvão feito de uma árvore chamada maple - aquela mesma arvorezinha simpática cuja folha está na bandeira do Canadá. Essa filtragem dá ao Tennessee Whisky um sabor e textura característicos. Esse processo foi criado pelo meu xará Jack Daniel, em cuja destilaria até hoje é fabricada uma das bebidas mais famosas do mundo, o Jack Daniel's Tennessee Whisky.

Perguntas & Respostas

Mil perdões a todos os leitores pelo sumiço, mas eu estava me mudando de casa e só hoje consegui ter acesso à internet de maneira apropriada. Nesse meio tempo, preparei uma rápida sessão de respostas a perguntas e dúvidas freqüentes que vêm inundando minha caixa de e-mails.
  • Não, eu não estou disponível para casamento. Já sou casado, e em breve terei meu primeiro filho! Sinto muito, mas as senhoritas chegaram atrasadas.
  • Não, eu não sei o que Deus pensa da bebida e do alcoolismo. Não faço a menor idéia de quais seriam as implicações dos meus post alcoólicos no meu processo de danação espiritual, seja no cristianismo ou em qualquer outro sistema de crenças. Só sei que na igreja católica a turma bem que gosta de um vinhozinho, e que a minha cerveja favorita é feita em um mosteiro beneditino da alemanha.
  • Não, eu não sou patrocinado por nenhuma fábrica de bebidas, por bares, restaurantes, ou cooperativas de táxi. Tudo o que está escrito aqui nesse blog é fruto do meu amor pelas boas bebidas.
  • Não, eu não sei te recomendar um bom lugar para comprar bebidas. Infelizmente os sites gringos não mandam para o Brasil, e o único site bom de bebidas que eu encontrei no Brasil é o Imigrantes Bebidas (link ao lado), mas eles não mandam para fora de SP. Mas se você tiver lojas do Carrefour na sua cidade, é um ótimo lugar para começar a procurar. E quando algum amigo viajar para o exterior, peça presentes do Free Shop, e não de Paris, Londres, etc.

Por enquanto é isso! Mais dúvidas e perguntas, ou sugestões? Mande e-mail para danielpoeira arroba gmail ponto com. Saúde!

26 de setembro de 2008

Lar Doce Bar

Amanhã eu e minha esposa vamos nos mudar para um novo apartamento e nos deparamos com um problema: não temos um móvel que possa servir de bar em nosso novo habitat.

Ainda não tive tempo de procurar nas lojas, mas resolvi dar uma olhada no eBay para ver o que anda agitando o mercado nesse ramo. Vejam as opções que ele me mostrou.

Esse aqui é o mais barato e simplezinho de todos, e custa uns US$ 600,00:

Caro demais, não é mesmo? E o que me dizem então desse outro, maravilhoso, que custa mais ou menos uns US$ 2.700,00?

Como podemos observar pelo reflexo do espelho no fundo, o pobre coitado vive abandonado em um depósito de cimento! Coitadinho. Olhem só que belo design, e tem até uma pia no meio!

Agora, se vocês querem mesmo passar mal, olhem só essa belezura:

Esse aí não sai por menos de US$ 5.000,00 - que tal?

Humilhado pelos fatos, recolhi-me à minha insignificância e passei a me conformar com soluções mais adequadas à minha realidade, como guardar as minhas garrafas debaixo da pia da cozinha, os copos no escorredor de pratos, e as frutas na geladeira. Quando eu quiser servir uma caipirinha para os meus amigos, eu os convido até o bar da esquina da minha nova e aconchegante casa de sóbrios.

Será que nosso herói vai mesmo desistir assim tão fácil? Não percam o próximo e eletrizante episódio dessa saga aventuresca!

25 de setembro de 2008

Pérolas do saber cachacístico

Se o Papa de Roma soubesse o gosto que a cana tem,
deixava Roma sem Papa e bebia cana também.

Macaco velho não se engana.
Te afasta, alma, que lá vai cana.

Cachaça, não se faça de besta:
desça pra barriga, e não suba pra cabeça.

Água pra mim, só se for ardente.
Nela eu tomo banho e até escovo os dente.

A cachaça, essa eterna incompreendida

- Caipirinha? Não, está muito cedo para beber cachaça. Me vê uma caipivodka!

Se eu ganhasse uma caipirinha para cada vez que já ouvi uma frase parecida com essa, seria um homem feliz. Existe em nosso país, de maneira geral, um certo preconceito contra a cachaça. Não é apenas uma questão social, de vincular a cachaça ao pinguço do bar da esquina ou ao capiau da roça -há também um preconceito químico contra a pobre bebida, que faz com que as pessoas tenham a impressão de que ela é mais forte ou mais prejudicial ao cérebro do que a vodka ou outros destilados.

Uma coisa é certa: existe muita cachaça de má qualidade por aí. Provavelmente é a bebida que tem mais marcas picaretas no mercado brasileiro, seguida de longe pela vodka. E provavelmente o que acontece é que as pessoas costumam pedir caipirinha sem perguntar antes qual é a marca da cachaça. Os bares e restaurantes, em sua eterna busca pelo lucro máximo, costumam fazer caipirinha com a cachaça mais barata em que puderem pôr as mãos, e quem paga a conta é o estômago do pobre cliente.

Isso é outra lenda muito errada no nosso Brasil: muita gente gosta de dizer, repetindo sem pensar, que "caipirinha se faz é com cachaça ruim", como se a cachaça boa fosse tão rara que só devesse ser bebida pura. Muita gente aplica esse mesmo raciocínio a outras bebidas também, e se recusa a fazer misturas com vodkas importadas, por exemplo. Sempre me xingam nos bares porque bebo Jack Daniel's com Coca-Cola! Mas que excesso de humildade é esse que impede que nós, brasileiros, bebamos destilados de boa qualidade em nossas misturas, e nos obriga a só fazer caipirinha com cachaça vagabunda? Será que nossos pobres organismos não merecem um tratamento melhor?

Claro que você não precisa desperdiçar uma dose de Anísio Santiago para fazer uma caipirinha, mas daí a beber monstruosidades engarrafadas como Seleta, Pirassununga 51 (ou pior ainda - 21), Vila Velha e outros venenos, é um caminho comprido demais. Por que não fazer caipirinha com uma boa cachaça de pequena produção, que não seja totalmente artesanal (o que costuma encarecer o produto) mas que também não seja o produto de uma mega indústria que produz milhões de litros de pinga por ano?

O maior problema das cachaças industrializadas é que elas são fabricadas em equipamentos de metal, e não passam pelo processo tradicional de envelhecimento em tonel de madeira. A cachaça, assim como outros destilados, ganha muito em sabor e qualidade quando é envelhecida em tonel de madeira, e os especialistas na bebida (estou longe de ser um deles, sou apenas um mero apreciador de caipirinhas!) escolhem a marca que vão beber pela madeira e pelo tempo que a cachaça foi envelhecida.

Dá para reconhecer uma boa cachaça só de olhar para ela e sentir seu cheiro. A cachaça envelhecida, assim como outros destilados, é amarelada, e não transparente. Quando é servida no copo, faz pouca ou nenhuma espuma, e é encorpada. A cachaça de má qualidade é muito líquida e volátil - uma bebida "mole", transparente como água, e que costuma fazer uma espuminha em volta do copo. Basta servir um copo de 51 ao lado de um copo de Vale Verde e a diferença aparece na hora. Uma boa cafungada no copo também ajuda na escolha.

Acredito que a cachaça Vale Verde seja a melhor relação custo-benefício do mercado atual de cachaças. As caipirinhas feitas com ela descem macias, e dá para bebê-la até mesmo pura. Aqui perto de Belo Horizonte você pode visitar a fábrica dela, e até mesmo fazer a sua festa de casamento lá! Recentemente ela foi eleita pela Playboy como a melhor cachaça do Brasil - provavelmente porque eles levaram em conta não apenas o sabor mas também o preço.

Infelizmente a Vale Verde não é muito conhecida fora de Belo Horizonte, então se você está lendo este artigo em outra região, a melhor recomendação que eu posso fazer é que você procure a cearense Ypióca Ouro. É a melhor cachaça industrializada do Brasil - apesar de ser feita em uma grande fábrica, ela passa pelo processo de envelhecimento na madeira, e tem um sabor bem mais agradável do que de qualquer outra concorrente nessa faixa de mercado, inclusive da própria Ypióca Prata. Ao contrário de suas concorrentes mais toscas, ambas as modalidades de Ypióca são envelhecidas em tonel de madeira durante dois anos - a Prata em tonel de bálsamo, e a Ouro em tonel de freijó. É fácil reconhecer a danada no supermercado: é aquela cuja garrafa é coberta com uma palhinha trançada e no rótulo tem um tiozão barbudo de gola rolê.

Se você estiver a fim de investir uma boa grana e ter uma agradabilíssima surpresa, pode desenbolsar uns R$ 262,99 e comprar uma garrafa de 600ml de Anísio Santiago, a melhor cachaça do mundo. É um ótimo presente para humilhar gringos que chamam cachaça de "brazilian rum". Eu já bebi dela uma vez, e posso garantir que nunca experimente nada igual. Parece cachaça misturada com mel - só que não tem mel.

Existe ainda uma tal de Sagatiba Preciosa que custa quase R$ 500,00 mas, francamente, um bom mineiro como eu se recusa a dar 1 centavo que seja para a fábrica da Sagatiba. Quem já bebeu um gole da Sagatiba normal sabe muito bem que aquilo é qualquer outra coisa que não cachaça.

E nunca se esqueça: fique longe da Seleta! Aquilo é o xixi do capeta!

21 de setembro de 2008

Comendo Bebidas

As bebidas alcoólicas não servem apenas para beber. Além de vários outros usos, elas também são excelentes ingredientes culinários.

Para provar isso, apresento aos queridos leitores três receitinhas que usam goró entre os ingredientes. Vamos fazer uma refeição completa, com entrada, prato principal e sobremesa.

Que tal começar com uns canapés de Pão de Cerveja? A receita é do site Recipezaar, tradução minha:

Pão de Cerveja

Ingredientes:
  • 3 xícaras de farinha de trigo peneirada
  • 3 colheres de chá de Fermento em Pó Royal*
  • 1 colher de chá de Sal*
  • 1/4 de xícara de Açúcar
  • 1 lata (350ml) de Cerveja
  • 1/2 xícara de manteiga derretida
Se você usar aquelas farinhas que já vêm com fermento, ignore o fermento e o sal também. Se achar que 1/2 xícara de manteiga é muita, pode usar menos, tipo 1/3 ou 1/4 de xícara.

Instruções:
  1. Peneire muito bem a farinha de trigo antes de começar a usá-la. Quanto mais fina a peneira, melhor.
  2. Pré-aqueça o forno a 190 graus (o site diz 375 mas acredito que seja Fahrenheit).
  3. Misture em uma vasilha os ingredientes secos e a cerveja.
  4. Coloque a mistura em uma forma de pão untada.
  5. Espalhe a manteiga derretida por cima da mistura.
  6. Asse durante 1 hora, tire da fôrma e deixe esfriar por 15 minutos.
Dá para servir canapés, comer com patê, manteiga, fazer bruschetta, ou só comer puro mesmo. Experimente tipos diferentes de cerveja e observe a diferença no sabor!

Macarrão à Bolonhesa

Essa receita não é de site nenhum, é minha mesmo. Fiz hoje e ficou uma delícia.

Ingredientes:
  • 1 lata de Tomate italiano sem pele
  • 1 caixa de Purê de Tomate sem tempero
  • 200g de Patinho moído
  • 1 copo de Vinho tinto
  • 1 Cebola ralada
  • Sal
  • Pimenta do Reino
  • Manjericão em pó
  • Purê de alho
Instruções:
  1. Refogue a carne moída em azeite com um pouco de manjericão, sal e pimenta do reino a gosto. Reserve.
  2. Em mais azeite, refogue a cebola ralada e o alho. Misture o vinho e deixe reduzir.
  3. Amasse os tomates italianos com um garfo até ficarem bem líquidos, apenas com uns pedacinhos boiando. Refogue-os junto com a cebola. Acrescente também o purê de tomate.
  4. Misture a carne moída temperada, mexa bem, e deixe cozinhar em fogo baixo até engrossar.
Pode ser usado com qualquer tipo de massa, mas fica bom mesmo é com aquele macarrão parafusinho de fazer macarronese.

E agora, para a sobremesa, um velho clássico. Com certeza você já comeu um desses na casa da vovó. A receita é da Maria Clara do site Culinária & Receitas.

Pavê de Conhaque

Ingredientes:
  • 1 lata de Leite Condensado
  • 1 medida (lata) de Leite
  • 1 colher (sopa) de Maisena
  • 3 Gemas de ovo
  • 1 colher (sopa) de Essência de Baunilha
  • 1 lata de Creme de Leite
  • 1 pacote de Biscoito Maisena
  • 3 colheres (sopa) de Conhaque
  • 200g de Coco ralado
Modo de preparo:
  1. Coloque o leite condensado em uma panela.
  2. Dissolva as gemas e a maisena no leite e leve ao fogo, mexendo até engrossar.
  3. Misture a baunilha e o creme de leite e deixe esfriar.
  4. Em um refratário, monte camadas alternadas de biscoitos regados com o conhaque, do creme já frio e de coco ralado.
  5. Leve à geladeira por 3 horas antes de servir.

Por hoje é só! Divirtam-se na cozinha! E lembrem-se: cozinhar bêbado pode provocar tragédias tanto incendiárias quando gastronômicas...

20 de setembro de 2008

Winston Churchill

Montgomery: "Eu não bebo, não fumo, e estou 100% saudável."
Churchill: "Eu bebo, fumo, e estou 200% saudável."

"Eu tirei mais do álcool do que ele tirou de mim."

"Quando eu era jovem, estabeleci uma regra de nunca beber um drink antes do almoço. Agora, minha regra é nunca beber um drink antes do café-da-manhã."

Lady Astor: "Se o senhor fosse meu marido, eu colocaria veneno no seu café!"
Churchill: "E se eu fosse seu marido, eu beberia o veneno."
Lady Astor: "Sr. Churchill, o senhor está bêbado!"
Churchill: "E a senhora é feia e gorda. Amanhã de manhã, eu vou estar sóbrio. E a senhora?"

W. C. Fields

"Todo mundo precisa acreditar em alguma coisa. Eu acredito que vou tomar mais um drink."

"Isso me lembra da viagem que fiz aos desertos do Afeganistão. Nós perdemos nosso saca-rolhas e tivemos que passar muitos dias sobrevivendo apenas com comida e água."

"Eu nunca bebo água, por causa das coisas nojentas que os peixes fazem nela."

"Sempre leve consigo uma garrafa de uísque para o caso de ser picado por uma cobra. Não esqueça de levar também uma cobra."

Depois do ataque a Pearl Harbor, Fields levou um caminhão até a loja de bebidas e comprou seis caixas de garrafas de gin. Quando o balconista da loja perguntou por que ele estava comprando seis caixas de gin, Fields respondeu: "Essa guerra vai ser curta, seis caixas serão suficientes."

13 de setembro de 2008

Dossiê Drink Drinker: O Martini do James Bond!

Muito se fala - inclusive nesse blog - sobre a relação entre o personagem ficcional James Bond e o famoso cocktail Dry Martini. Nossa reportagem decidiu tirar isso a limpo e encontrar, na obra original do escritor Ian Flemming, a verdadeira origem dessa mitológica relação.

No primeiro livro da série, Casino Royale, Bond pede um Martini ao barman do cassino (tradução minha):
- Um dry martini. - disse Bond. - Um. Em um cálice fundo de champanhe.

- Oui, monsieur.

- Espere. Três medidas de Gordon's, uma de vodka, e meia medida de Kina Lillet. Agite até ficar bem gelado, depois acrescente uma carca de limão bem fina e comprida. Entendeu?

- Certamente, monsieur. O barman parecia feliz com a sugestão.

- Puxa, isso é o que eu chamo de drink. - disse Leiter.

Bond riu.

- Quando eu estou... ahn... me concentrando, - explicou, - eu nunca tomo mais do que um drink antes do jantar. Mas eu gosto que ele seja grande e bem forte, e muito gelado e muito bem feito. Eu odeio porções pequenas de qualquer coisa, especialmente quando elas são ruins. Esse drink é uma invenção minha. Vou patenteá-lo assim que eu conseguir pensar em um bom nome.
Mais tarde, Bond batizou seu drink de Vesper, que é o nome de seu "interesse romântico" no livro.

Kina Lillet é um aperitivo de vinho branco feito em Podensac, uma cidadezinha da região de Bordeaux, na França. Ele tinha um sabor amargo porque continha quinino (daí o nome Kina), mas a quantidade de quinino da receita original foi reduzida em 1986. No entanto, a bebida existe até hoje no mercado estrangeiro.

Drink Drinker experimenta: Gin

Ao longo de minha carreira de bêbado ilustre (o antônimo de alcoólatra anônimo), já experimentei várias marcas de gin, que se tornou uma de minhas bebidas favoritas de todos os tempos. Gostaria de compartilhar com os amigos leitores as minhas experiências pessoais com as marcas de gin disponíveis no nosso querido e alcoolicamente despreparado Brasil.

Existem basicamente três faixas de preços de gin no Brasil: Gin Importado, Gin Nacional, e Gin de Brincadeira.

Os Gins de Brincadeira são aqueles que custam menos de 10 reais, como Rocks e Asteca. Assim como as vodkas de 10 reais, nenhum deles merece confiança, e recomendo a todos que preservem seus cérebros e fígados evitando bebidas de qualidade duvidosa. Como diria o Ministro das Minas e Energia, "álcool é um assunto muito sério".

Na faixa dos 20 reais temos duas marcas de gin nacional: uma boa e uma ruim. Todo mundo que eu conheço que bebe gin concorda com esse assunto: o Seager's é ruim (i.e. sabor amargo, desce queimando, dá ressaca e dor-de-cabeça no dia seguinte) e o Gilbey's é bom (não é tão bom quanto os importados, mas não apresenta nenhum dos problemas acima mencionados). Infelizmente, a grande maioria dos bares só compra gin da marca Seager's, sei lá por que diabos. Provavelmente porque ele custa mais caro do que o Gilbey's. Parece loucura mas é verdade. Como 99,999% dos donos de bar e gerentes de restaurante não bebem gin, eles compram meio que por obrigação - quando compram - e na dúvida de qual marca escolher acabam pegando a mais cara pensando que deve ser melhor. Pois não é. Eu nunca conheci ninguém que gostasse mais de Seager's do que de Gilbey's. O Gilbey's é a Smirnoff do gin - melhor relação custo-benefício que tá tendo. UPDATE: infelizmente o gin Gilbey's desapareceu do mercado nacional. Se você quiser fazer uma receita que leve gin, e estiver sem grana para comprar um importado, a melhor opção é o STEINHAEGER BECOSA. Steinhaeger nada mais é do que um tipo de gin, e o Becosa é bem seguro, desce suave, pode substituir sem susto.
Agora, na faixa de preço um pouquinho mais dolorosa, as coisas começam a ficar realmente boas. Eu poderia passar a vida toda bebendo Gin Tônica de Gilbey's, mas depois que conheci essas belezuras importadas, minha vida mudou para melhor.

Muito melhor.

Dei uma pesquisada no site da Imigrantes Bebidas e encontrei as seguintes marcas disponíveis (todas em garrafas de 750 ml):
  • Gordon's (R$71,99)
  • Tanqueray (R$80,99)
  • Beefeater (R$87,99)
  • Bombay Sapphire (R$94,99)
Dizer que um deles é melhor do que os outros seria me pedir para matar um filho para salvar os outros três. Mas uma coisa eu posso garantir: se depois de beber um drink feito com qualquer um dos quatro você continuar achando que gin parece perfume, é porque sua língua está estragada. Para falar a verdade, eu gosto tanto de gin que eu nem compro mais perfume. Quando preciso ir a algum evento que exige uma perfumada no cangote, saco minha garrafa de Bombay ou de Gordon's e passo um pouquinho nos punhos e atrás das orelhas. Não falha nunca.

O complicado de resenhar gin é que o sabor é tão intenso e complexo que fica difícil de explicar com palavras. Já vi gente dizer que não gosta do Beefeater porque ele é burocrático demais. Já vi gente dizer que o Gordon's é um gin confiante. No final, parece que você está falando não de bebidas, mas de velhos amigos.

Pensando melhor, talvez você esteja mesmo.

crédito da foto: pinballrebel.com

Gin - O Crack Engarrafado!

Quando você pede um drink com gin em um bar ou restaurante do Brasil, os comentários mais comuns que você ouve são os seguintes:

- Gin é o último estágio do alcoolismo!
- Gin tem gosto de perfume!
- Gin é bebida de velho!

Esses comentários fazem parte do inconsciente coletivo, e quase todo mundo os têm na ponta da língua, não demonstrando pudor algum em dispará-los contra o pobre e inocente bebedor de gin, e sem demonstrar ao menos uma ponta de curiosidade. No entanto, depois de ser agraciado com uma amostra do mais puro gin London dry, a pessoa nunca mais volta atrás: eu nunca ouvi falar de um ex-bebedor de gin. Além do mais, todo alcoólatra que eu conheci na minha vida só bebia cerveja nacional, perfume é uma coisa muito cheirosa, e coisas de velho sempre são mais legais do que coisas de jovem - como, por exemplo, as bebidas, as gírias, as roupas, e as músicas.

Vou contar agora a pequena história dessa misteriosa bebida, para nos ajudar a compreender melhor o seu valor.

Tudo começou na Holanda, por volta do século XVII, quando o médico e cientista alemão Franciscus Sylvius começou a desenvolver um remédio para curar doenças do aparelho digestivo como lumbago, problemas de fígado e coisas do gênero. O remédio, feito à base de álcool de grãos e uma frutinha chamada zimbro, logo se espalhou pelas farmácias de toda a Amsterdã e região.

Em 1688, ocorreu na Inglaterra a Revolução Gloriosa, que destronou o rei James II e o substituiu pelo holandês Guilherme de Nassau e Orange, que tornou-se então o rei James III da Inglaterra, Irlanda e Escócia. Após sua ascensão ao trono, seguiu-se um período de abertura de mercado para produtos holandeses, e então o remédio do Dr. Sylvius passou a ser consumido na boa e velha Albion.

Esse remédio/bebida era até então conhecido como "jenever", por causa da palavra francesa para zimbro (foto), que é "genévrier". Até hoje, na Holanda, produz-se o jenever, com álcool de centeio e zimbro, e envelhecido em tonéis de madeira, o que deixa a bebida com um colorido semelhante ao do uísque escocês. Sua graduação alcoólica é relativamente baixa, e o sabor é bem diferente do gin como o conhecemos hoje em dia.

Quando o jenever começou a se popularizar na Inglaterra, o governo liberou sua produção e impôs altas taxas de importação para destilados de origem estrangeira. A idéia era incentivar a economia local, e também criar uma utilidade para o cereal de baixa qualidade que não servisse para fazer cerveja. Por volta de 1740, a produção de jenever na Inglaterra já era seis vezes maior do que a de cerveja, e o baixo custo da bebida fez dela a favorita das classes mais desfavorecidas.

Nessa época, haviam em Londres mais de 15.000 casas de bebida, e mais da metade delas vendia gin. Foi então que surgiu a péssima fama do gin: mergulhados em depressão e miséria, os pobres londrinos começaram a se afogar no gin, em bares que anunciavam "1 centavo para ficar bem, 2 centavos para ficar ótimo, com 3 centavos você desmaia" e ofereciam camas de palha para os clientes caírem com conforto. Desde essa época, até hoje os ingleses chamam os bêbados de "gin-soaked", e se referem ao gin como "Mother's Ruin" (Ruína de Mãe).

Em 1751, o artista inglês William Hogarth fez duas gravuras retratando essa situação, chamadas "Beer Street" e "Gin Lane". Essa é a gravura "Gin Lane":

Ela era acompanhada do seguinte poema, tradução minha:

Gin, cursed Fiend, with Fury fraught,
Makes human Race a Prey.
It enters by a deadly Draught
And steals our Life away.

Virtue and Truth, driv'n to Despair
Its Rage compells to fly,
But cherishes with hellish Care
Theft, Murder, Perjury.

Damned Cup! that on the Vitals preys
That liquid Fire contains,
Which Madness to the heart conveys,
And rolls it thro' the Veins.

(Gin, monstro amaldiçoado, com apavorante força, faz da Raça Humana sua presa. Ele entra na forma de uma bebida mortal, e leva sua vida embora. Virtude e Verdade são levadas ao desespero, empurradas para o céu por sua fúria; mas ele nutre com cuidado infernal o Roubo, o Assassinato e a Mentira. Maldito copo!, que preda as energias vitais. Esse líquido contém Fogo, que Loucuras leva ao coração, e as faz passar pelas veias.)
Depois de tanto estardalhaço, não é de espantar que o gin tivesse se tornado o bode expiatório de todas as mazelas sociais da Inglaterra. Apesar de não ser culpado pela pobreza daquele país, o Governo colocou nele a culpa de tanta tragédia, impondo leis e impostos proibitivos que quase interromperam sua produção. Isso deu origem a revoltas populares nas ruas, no que ficou conhecido como "A Revolta do Gin".

Logo após esses levantes, o governo começou a diminuir as restrições, e fez o que deveria ter feito desde o começo: restringiu a produção da bebida aos estabelecimentos que cumprissem determinadas regras de produção, e colocou as "gin shops" sub a jurisdição dos magistrados. Isso também minimizou a principal causa dos problemas causados pelo gin naquele período: a péssima qualidade das bebidas produzidas.

Sem a obrigação de seguir nenhuma espécie de regulamentação ou leis, os produtores de gin criavam as misturas mais estapafúrdias para suprir a demanda crescente por bebidas fortes e baratas. Para obter um sabor levemente semelhante ao do jenever original, misturavam terebentina e outros solventes com água não-tratada e impurezas de todo tipo, criando verdadeiras bombas tóxicas na forma de bebida. A ingestão de solventes e produtos químicos pode trazer vários efeitos colaterais, entre eles a cegueira e a loucura. Por isso não é à toa que os bebedores de gin faziam tanta confusão e tragédia: não era o zimbro que provocava isso em suas mentes, mas sim a terebentina e outras porcarias que eles ingeriam pensando que era gin.

Levou muito tempo para que esse estigma da bebida destruidora de sociedades abandonasse o gin (se é que abandonou, como comprovam os comentários preconceituosos que ouvimos até hoje). A invenção das Colunas de Destilação em 1826 revolucionou a produção de álcool em todo o mundo, o que levou à criação de uma variação mais refinadas do gin.

No final do século XIX, já havia sido criado o London Dry Gin, que é essa bebida que chamamos de gin hoje em dia. Diferente de seu antepassado jenever, o gin londrino é transparente, tem um teor alcoólico mais alto (por volta de 38 graus, assim como a vodka) e não é envelhecido em tonéis de madeira. Essa nova bebida tornou-se socialmente aceitável, e passou a ser vendida em lojas mais elegantes do que as gin shops de outrora. Nascia assim um dos destilados mais importantes do mundo das bebidas, que logo se espalhou por todo o mundo.

As colônias inglesas foram logo invadidas pela novidade, e o gin passou a ser consumido em países tão distantes quanto a Índia, o Egito e a Jamaica. Foi nos países tropicais que os colonizadores ingleses tiveram a brilhante idéia de usar o gin para deixar mais agradável o amarguíssimo remédio que precisavam tomar para se prevenir da malária. Diluído em água carbonatada, o quinino deu origem à água tônica, que acrescida de gin e limão veio a se tornar um dos drinks mais clássicos e tradicionais do mundo: o Gin-Tônica.

Outro drink de gin que ficou famoso no mundo inteiro, graças aos filmes de James Bond, é o Martini, uma bebida sofisticada feita com gin puro acrescido de uma pequena quantidade de Vermute.

Para maiores informações, você pode visitar o Museu Nacional do Gin, na cidade de Hasselt, Bélgica.

The Champs - Too Much Tequila

Obrigado a todos que têm postado comentários, é muito importante para mim saber o que vocês querem saber! O post sobre tequila ainda vai demorar um pouco, mas por enquanto podem ir se divertindo com esse pequeno vídeo!

Até mais!